A aula saíu à rua para conhecer, compreender, preservar e animar o nosso património.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Terramoto de 1755 em Vila Viçosa


Os efeitos do terramoto ocorrido no dia 1 de Novembro de 1755 também foram notáveis em Vila Viçosa.
Com o passar do tempo, as memórias das ruínas e das mortes de 29 mulheres e 2 crianças neste terramoto têm-se esquecido, à excepção do desabamento da nave central da Igreja Matriz, um princípio de destruição na igreja dos Capuchos, e algumas casas onde funcionava a Câmara que ficaram inabitáveis. Também sofreram bastante ruína os Conventos de S. Paulo, da Esperança, de Santa Cruz, das Chagas e dos Agostinhos.
Como era dia de Todos-os-Santos e era sábado dirigia-se um grande número de pessoas à Igreja Matriz para ir à missa de Nossa Senhora da Conceição. Entre as nove e as dez horas, quando se cantava a missa, a terra começa a tremer com um ruído assustador e as abóbadas oscilam, tendo a abóbada da nave central aberto uma fenda e deixado penetrar os raios de sol. Os músicos e os coristas gritam para que o povo fuja, mas um novo tremor de terra faz destruir a abóbada no centro, caindo aos bocados em cima das pessoas que ali se costumavam sentar.
As portas da nave principal, que eram as únicas abertas, ficaram bloqueadas pela abóbada e pelo telhado, no momento de caírem. «Querem sair os fiéis e não podem.» Alguns tentam abrir as portas mas o povo não deixa por estar aterrorizado sobre elas com a pressa de fugir do templo, a chorar e aos gritos. Por fim, abrem-se as três com muito custo e, com a aflição de fugirem da morte, alguns morrem esmagados pela multidão «cega», que procura sair do edifício que se desmoronava. Os Padres fugiram para detrás do altar, abrigando-se ao pé do local da Padroeira do Reino.
«Dentro ouviam-se os ais dos moribundos e os lamentos dos que tinham perdido pais, mães, parentes e amigos caros, e temiam participar da sua sorte ficando esmagados pelas ruínas.»
 Fora da Igreja Matriz alguns homens corajosos agarravam pelos braços os que iam aparecendo às portas e puxavam-nos para o adro, com o objectivo de os tirar do perigo até que, a Igreja se despejou de gente sã ou levemente ferida. Restava tratar dos mortos e dos gravemente feridos.
 Quando o ruído parou, procurou-se benzer os moribundos soterrados ou quase. Então as pessoas mais nobres da vila trouxeram enxadas para descobrirem os corpos, na esperança que estes ainda vivessem.
«Conduziam-se os mortos ou moribundos para o adro e ali os ungiam os Beneficiados Curas e o Prior dos Agostinhos que acudira também ao sinistro com o vaso da Unção do seu mosteiro. E os médicos cirurgiões e enfermeiros pensavam as feridas de um grande número de mutilados ou contusos, de sorte que este foi um dia de amargas recordações… Tão amargas que ainda hoje se repetem com encarecimento já no fim de mais um século!»

Fontes de informação:

ESPANCA, Pe. Joaquim José da Rocha Espanca (1983). Memórias de Vila Viçosa. Vila Viçosa: Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, vol. 11.
CARVALHO, Carlos Correia de; SEGURADO, Francisco (2010). O Terramoto de 1755 nas terras alentejanas de jurisdição da Casa de Bragança in Callipole, nº18. Vila Viçosa: Câmara Municipal de Vila Viçosa.


Pedro Albuquerque - 6º C
2010/2011

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