A aula saíu à rua para conhecer, compreender, preservar e animar o nosso património.

domingo, 8 de maio de 2011

No centro de Vila Viçosa, ergue-se um monumental castelo

            1- A história do castelo

       A região de Vila Viçosa foi dominada pelos cristãos a partir da conquista de Alcácer do Sal (1217).
        Não se sabe se já aqui existia uma povoação e como era, mas sabe-se que Vila Viçosa recebeu de D. Afonso III (1248-1279) a sua Carta de Foral, passada em 5 de Junho de 1270. Deve ser dessa altura a construção do castelo, que o seu filho D. Dinis (1279-1325) terminou e também foi ele que mandou fazer a cerca da vila. Não se sabe quem foram os seus construtores mas sabe-se que em 1297 já tinha alcaide, que foi Soeiro Peres.
       No reinado de D. Fernando I (1367-1383), foram feitos importantes melhoramentos na fortificação de Vila Viçosa, aumentando-se a sua área.

Pátio

Cisterna
 
 No dia 7 de Julho de 1382, Gonçalo Vasques de Azevedo, Fronteiro entre o Tejo e Odiana, juntou neste castelo capitães, alcaides e outros fronteiros menores, para defender o Alentejo invadido pelos castelhanos e em Julho de 1383, partiram seis mil homens de Vila Viçosa para a fronteira de Elvas.
Quando D. Fernando I morreu, o seu alcaide-mor era Vasco Porcalho, que tomou partido por D. Beatriz e o seu marido, rei de Castela. Mas os habitantes não queriam. Conta-se que um dia mandou dizer a D. Nuno Álvares Pereira que estava com as tropas em Estremoz, que tinha mudado de opinião e queria apoiar D. João I. D. Nuno Álvares Pereira, desconfiado, mandou o seu irmão e outros companheiros ao castelo de Vila Viçosa. Estes, quando iam se preparavam para entrar no castelo foram mortos, junto à porta que ficou conhecida por Porta da Traição.

Caminho de ronda, interior

Caminho de ronda
  
            Depois de os castelhanos terem sido derrotados, na batalha de Aljubarrota, D. João I doou Vila Viçosa ao Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira, em recompensa pelos serviços prestados. O seu neto, D. Fernando, que recebeu o título de Conde de Arraiolos do seu avô e foi o 2º Duque de Bragança, pela morte prematura de seu irmão mais velho D. Afonso, Conde de Ourém, instalou-se no castelo de Vila Viçosa, em 1461. Desde então até à inauguração do Palácio Ducal, princípios do século XVI, este castelo foi a residência dos Duques de Bragança. Depois, os duques D. Jaime  e D. Teodósio I fizeram obras e sobre o castelo antigo, construíram o castelo artilheiro conhecido pela Fortaleza Nova, pronto em 1537, que passou a ter apenas funções defensivas.

Mais tarde, houve novamente aqui lutas intensas no período da Guerra da Restauração (1640-1665) e da Sucessão de Espanha (1711), tendo sido Vila Viçosa, por mais de uma vez, quartel-general dos exércitos do Alentejo.

Sala das Colunas

Durante a guerra da Restauração, o Castelo foi adaptado por Cosmander às necessidades defensivas da época, com a adição de um sistema estrelado poligonal e reforço dos muros da cidadela e em 1662, Schomberg fortificou-o.
Durante a primeira invasão francesa, 1807/1808, esteve ocupado pelos franceses, que roubaram móveis e armas. Até finais do século XIX albergou um regimento de Infantaria.

Em 1930/40, as muralhas foram restauradas pela Direcção Geral dos Edificios e Monumentos Nacionais. O castelo, que é propriedade da Fundação da Casa de Bragança, sofreu intervenções de consolidação e restauro em diversos momentos ao longo do século XX, tendo servido durante alguns anos de pousada.
Actualmente, encontram-se nele instalados o Museu da Caça, onde está exposta a colecção privada de  Manuel Lopo Caroça de Carvalho e o Museu de Arqueologia.

2- A arquitectura do Castelo

Torreão
A fortaleza tem a forma quadrangular e é semelhante ao desenho de um projecto conhecido de Leonardo Da Vinci. Benedetto da Ravenna, o arquitecto responsável pela Fortaleza de Mazagão no Norte de África, foi quem o  fez.
Tem duas torres em ângulos opostos, o aspecto é compacto e os mecanismos defensivos foram inovadores (galerias antiminas e canhões para fogo cruzado) em Portugal.  É a única fortificação renascentistra portuguesa inteiramente construída em tijolo, ao gosto italiano.

             Tem à sua volta um fosso de sete metros de altura e seis de largura.
A entrada na fortaleza, faz-se hoje por uma ponte levadiça de madeira para acesso ao pátio inferior onde se encontra a cisterna do castelo.

Ponte levadiça

 Na cerca das muralhas existem quatro portas: a de Évora e da Torre, ambas viradas ao ocidente, a de Estremoz, aberta para o lado Norte e a de Olivença ou do Sol, na ilharga sul que era também a chamada Porta da Traição. Na antiga e já desaparecida Cerca Velha que se atribui à iniciativa dos duques D. Jaime e D. Teodósio I, existiam outras portas. No interior da cerca nova, a actual, além da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição e dos cemitérios municipais, subsistem alguns antigos arruamentos da planta medieval, onde ainda se podem observar vestígios da arquitectura primitiva como as portas ogivais da que teria sido residência de Nuno Álvares Pereira.


Fontes de informação:

Visita ao Castelo orientada pelo Dr. Tiago Salgueiro e folheto informativo que nos deu.
GABINETE DE IMPRENSA (2010). Um Alentejo para Descobrir. Vila Viçosa: Câmara Municipal de Vila Viçosa.
PESTANA, Manuel Inácio (s/d). Vila Viçosa História, Arte e Tradição, Vila Viçosa: Livraria Alentejo de Calipolojas, Lda.
7maravilhasdevilavicosa.blogspot.com
                                                       
                                                                      Lourenço Marques - 6º C   - 2010/2011 

Sem comentários:

Enviar um comentário