Armas e mais armas no Paço Ducal
No dia 12 de Novembro, fizemos uma visita de estudo ao Palácio de Vila Viçosa. Desta vez, tivemos a sorte e o prazer de ver com “olhos de ver” a Armaria do Palácio, um dos quatro núcleos museológicos de excepcional interesse!
Acompanhados pela nossa professora de H.G.P., Maria de Jesus Coelho e pela nossa directora de turma, professora Maria Dulce Casaca, fomos recebidos pelo simpático e atencioso Dr. Tiago Salgueiro, que nos explicou de forma clara e interessante o tema da Armaria.
Ficámos a saber que este museu teve a sua primeira inauguração em Junho de 1992 e que se situa no piso térreo do Paço Ducal, no antigo Paço do Duque D. Jaime, distribuído por dois núcleos. Aqui existe uma grande colecção de armas e apetrechos bélicos com mais de dois mil objectos! Este valioso conjunto de peças raras, de grande beleza e arte, teve em Outubro de 1997 a segunda e última parte inaugurada.
O tema dominante é a caça, principal razão das frequentes visitas dos últimos membros da Família Real a Vila Viçosa. Explicou-nos o Dr. Tiago que muitas das peças, ali existentes, foram fruto de numerosas ofertas e de encomendas, pois a Família Real dava grande importância à caça e ao tiro ao alvo.
Primeiro núcleo
As espadas que estão na sala seguinte eram chamadas espadas de copo, porque têm uma espécie de copo para proteger os punhos e as mãos e também as espadas concha com vários enfeites. As armas desta sala são quase todas portuguesas. Algumas delas têm inscrições e outras têm partes banhadas a ouro. Havia armas tão pesadas que tinham que ter um suporte. Pudemos também observar uma das primeiras armas de fogo chamada esmeril.
Fomos depois para a Sala do Oriente ou Sala de Armas Orientais e ainda outras salas, qual delas a mais interessante.
Armadura em ferro e cabedal, séc. XVII, proveniente da colecção de D. Fernando II |
Espada de honra com bainha e estojo, séc. XVIII/XIX. Aço, ferro, latão, madrepérola |
O que eles traziam por baixo da armadura, que é feito de argolas de ferro era muito pesado, chama-se cota e os soldados tinham que ser muito fortes para carregarem com tanto peso. Há também uma grande variedade de capacetes, alguns com penachos utilizados pelos chefes e que serviam para o identificar e distingui-lo dos outros homens.
Nesta época, utilizavam-se os olifantes, uma espécie de corneta feita em marfim, daí o nome, que serviam para chamar os soldados. Algumas armas eram de marfim.
Besta de caça de armar manualmente, século XVII. Aço, ferro, madeira, marfim, fibra têxtil. Proveniente da Colecção de D. Fernando II |
Espingarda de caça Franz Mazenkopf e Joahnn Deblann, século XVIII. Aço, ferro, ouro, prata, madeira. Calibre 15 mm. 1345 mm (cano 970 mm); 3000 grs. |
Pistolas (3) semi-automáticas Mauser Retro-carga. Cartucho metálico. Alemanha, Peter Paul Mauser, Modelo 1898. Ferro, Aço, madeira, latão, pele. Proveniente das Colecções Reais |
Despertou-nos também muito interesse a arma com que o príncipe D. Luís Filipe se defendeu, durante o Regicídio e também uma arma alemã usada pelos alemães durante a segunda guerra mundial. Ficámos de igual forma surpreendidos ao ver canivetes de 32 e 36 peças e navalhas espanholas de pontimola.
Esta parte do museu está organizada de forma temática. Durante a visita, pudemos ver armamento e apetrechos que foram utilizados nas diversas situações de guerra ao longo dos últimos quatrocentos anos, quer no mar, quer em terra, quer nos torneios ou em salas de esgrima. Encontrámos ainda material usado no fabrico de munições e algumas peças próprias da lide tauromáquica. Numa das salas, a Sala dos Reis, há quadros com os retratos de todos os reis portugueses desde D. Afonso Henriques até D. Pedro II e tem também o retrato do conde de Borgonha, D. Henrique. Pudemos ver, ainda fragmentos da armadura do Duque D. Teodósio II.
Fontes de informação:
Segundo núcleo
Aqui existe uma sala com as peças de artilharia mais antigas do museu. Vimos guantes que serviam para proteger as mãos. As armas mais utilizadas pelos homens que combatiam a pé chamavam-se foices de guerra. As armaduras inglesas chamam-se cauda de lagosta.
Vimos a simulação de um acampamento, conjuntos de alabardas do séc. XV/XVII, panos de tendas islâmicas. Junto do Poço do duque D. Jaime, vimos espingardas, arcas de transporte e uma coleira que não se sabe se era de um escravo ou de um prisioneiro.
No séc. XVIII, a esgrima passou a ser praticada como desporto em Portugal, por essa mesma razão existe essa sala com uma grande colecção de armas utilizadas para esse fim. Aí, pudemos viver um pouco o ambiente dessa altura. Há vitrinas com floretes, espadins, espadas, revólveres e pistolas de duelos.
Na parte da caça, penúltima sala, vimos armas de caça e material necessário ao fabrico de cartuxos, arreios … Os cães de caça, normalmente o rafeiro alentejano, usavam coleiras de puas, feitas em ferro com picos para não sofrerem com os ataques dos lobos, quando iam à caça.
Na última sala, observámos bornais, bolsas de caça que eram usadas para guardar as presas mais pequenas (de menos porte), como lebres, coelhos, pássaros. Como os duques e os reis gostavam muito de touradas, em 1905, um matador espanhol, Mazantini, ofereceu um troféu de tauromaquia ao rei D. Carlos, uma cabeça de boi!!!
Depois desta maravilhosa visita à Armaria do Paço Ducal de Vila Viçosa, aprendemos a distinguir vários tipos de armas, como as armas evoluíram ao longo dos tempos e a importância que os monarcas deram ao armamento e as razões desse procedimento.
Recomenda-se a visita à Armaria! Nós vamos voltar!
Fontes de informação:
Informação recolhida durante a visita orientada pelo Dr. Tiago Salgueiro
MONGE, Maria de Jesus (2000). Paço Ducal da Casa de Bragança. Vila Viçosa:Fundação da Casa de Bragança.
Sites consultados
Ângela Neto, Margarida Coelho, Pedro Melo – 6º C
2010/2011
2010/2011
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