Elementos retirados do censo de 2001 |
No dia 12 de Janeiro, os membros do Clube do Jornal da Escola EB 2 D. João IV e outros alunos do 6º C foram conhecer as freguesias rurais do concelho de Vila Viçosa, num autocarro concedido pela Câmara Municipal. Fomos acompanhados pela Dr.ª Maria da Conceição Aurélio e pela Dr.ª Maria João Ferreira com o objectivo de conhecer melhor o concelho e poder transmitir informações sobre o mesmo.
Visitámos a Salsicharia “Arvana”, em S. Romão, o Centro de Convívio em Pardais, as pedreiras, na Fonte Soeiro e a Adega “Quinta das Mercês”, em Bencatel e observámos as paisagens, as pessoas …
Enchendo as tripas |
A salsicharia “Arvana” existe há trinta anos e o senhor Apolinário Arvana é o seu proprietário há doze anos. Aí trabalham apenas cinco pessoas, que fazem todo o processo desde cortar a carne, temperar, encher a tripa, pôr ao fumeiro, embalar... controlar as temperaturas, pois têm a ajuda das máquinas.
Na salsicharia, fomos informados que fabricavam todos os tipos de enchidos: farinheiras, morcelas, chouriços, paios, linguiças, buchos, cacholeiras … e o chouriço é o que mais se vende.
Tudo é feito a partir de carne de porcos que vêm de vários pontos do país, porque a produção de porco na zona de Vila Viçosa não é suficiente.
Os enchidos no fumeiro |
Por semana, no Inverno, fabricam cerca de duas toneladas de enchidos que são distribuídos por todo o país e por outros países como a Inglaterra e Holanda, onde têm representações. No Verão, há menos produção porque as pessoas não comem tanta carne deste tipo, como no Inverno.
O Centro de Convívio de Pardais existe há sete anos e funciona numa sala pequenina para as senhoras e noutra um pouco maior para os homens, na Junta de Freguesia. Lá, reúnem-se vinte e cinco homens e mulheres, todas as quartas-feiras à tarde, com umas senhoras que orientam as actividades.
Trabalhos executados no Centro de Convívio de Pardais |
As mulheres fazem trabalhos manuais, como rendas, bordados, malha, velas, carteiras, sacos do pão, colagens, doces, licores … para venderem em feiras e em exposições perto do Natal, da Páscoa e durante as festas da aldeia. Com esse dinheiro compram coisas que fazem falta para o Centro. Também cantam, contam histórias, jogam e dão passeios. Os homens jogam às cartas, xadrez e quer-se que os homens comecem também a fazer trabalhos manuais.
Outro trabalho feito pelas senhoras do Centro de Convívio de Pardais |
Esta é uma forma das pessoas se reunirem, conviverem e aprenderem em vez de estarem sozinhas em casa, sobretudo para as mulheres, pois os homens estão habituados a sair sempre de casa. Todas as senhoras, que são muito simpáticas e algumas muito velhotas, disseram que gostavam tanto que não se importavam nada de ir todos os dias para lá.
Pedreira, Fonte Soeiro |
Passámos por Fonte Soeiro e espreitámos as pedreiras e ficámos a saber que esta é a pedreira mais funda da nossa região e a que está a trabalhar há mais tempo.
Só de olhar lá para baixo sentimos um arrepio.
O mármore que é tirado daqui é vendido no nosso país mas também para o estrangeiro.
Na Adega da Quinta das Mercês, em Bencatel, fomos recebidos pelo senhor Vasco, que nos comunicou que a vinha tem 5 hectares e que produzem cerca de 7 a 8 toneladas de uva por cada hectare.
Quinta das Mercês |
Produzem vinho branco e vinho tinto com rótulo “Bacante” e “Quinta das Mercês”. Estes vinhos são feitos a partir da mistura de três castas de uvas vermelhas, para dar vinho tinto “Aragonez, Alicante Bouchet, Cabernet Sauvignon” e de duas brancas, para vinho branco “Arinto e Antão Vaz”.
Cada casta contém uvas com características semelhantes. Para cada rótulo há três gamas de vinho: uma mais baixa que é vendida em embalagem de cartão, outra com uma qualidade melhor que é o “Bacante”, em garrafa e o melhor é o “Quinta das Mercês”, também em garrafa. A uva é colhida em fins de Agosto, inícios de Setembro e todo o processo de vinificação é manual. Em Fevereiro/Março é que o vinho deve ser bebido.
Vinha da Quinta das Mercês |
Por ano, produz-se cerca de 50 a 60 mil litros de vinho, dependendo do ano agrícola. O vinho, na sua maioria, é vendido mais para o estrangeiro: Luxemburgo, Suíça, Brasil … No nosso país, só é vendido em casas da especialidade, em alguns restaurantes e não há em supermercados, porque como a produção é pouca, apenas vendem para sítios que todos os anos lhes compram o vinho.
Esta visita serviu para aprofundarmos conhecimentos sobre as freguesias rurais do concelho de Vila Viçosa e sobre diferentes actividades que há no nosso concelho. Nunca pensámos que uma pequena loja de comércio (salsicharia Arvana) vendesse os seus enchidos para o estrangeiro, tal como se passa na Quinta da Mercês com o vinho e nas pedreiras da Fonte Soeiro.
Também não nos tínhamos apercebido que a paisagem natural varia tanto no nosso concelho: no caminho para S. Romão é muito mais verdejante e o terreno muito mais acidentado, Pardais já é menos e Bencatel é a zona mais plana, sendo as duas últimas mais esburacadas por causa das pedreiras.
Também foi bom percebermos que o convívio é muito importante para os idosos.
Foi uma visita interessante porque pudemos aprender de uma forma diferente!
Texto: Ana Lúcia Mestre, Inês Arranca, Leonor Veiga
Fotografias: Francisca Novado e Margarida Coelho
Clube Jornal Escolar 2010/2011