A aula saíu à rua para conhecer, compreender, preservar e animar o nosso património.

domingo, 25 de dezembro de 2011

No princípio do séc. XX ... Em Vila Viçosa

        Tradição de Natal


Ronca
           No princípio do século XX, em Vila Viçosa, na véspera de Natal, rapazes e raparigas, vestidos como se fossem  apanhar a azeitona, saiam à rua e andavam de porta em porta cantando ao Menino e tocando roncas. Lançavam também ao ar foguetes em sinal de festa.
            A ronca era um instrumento composto por uma panela de barro coberta com uma pele de banha de porco, que no centro tinha uma cana delgada fixa na pele, com o tamanho de um palmo. Com a mão direita, lubrificada com saliva, puxava-se a cana para cima e para baixo.
Este grupo cantava à porta das pessoas, os donos das casas mandavam-nos entrar e depois davam-lhes  bolos,  filhós, café, licores, nógados ...
À meia-noite, dirigiam-se para a igreja de S. Bartolomeu onde assistiam à missa do galo e beijavam o Menino Jesus. Dali, seguiam cantando até à igreja de Nossa Sra. da Conceição, onde beijavam  novamente o Menino Jesus e depois iam para as suas casas.
As cantigas que cantavam à porta das pessoas eram mais ou menos assim:

Abre-me a porta, ó querida,
Estou com pés na geada,
Se não me abres a porta,
Não és querida, não és nada

Aqui estou à tua porta,
Com o feixinho de lenha,
Estou à espera da resposta
Que da tua boca venha

E as pessoas que estavam à porta das suas casas  respondiam assim:

Entrai, pastorinhos, entrai,
Por esse portado adentro,
Vem visitar o menino
No seu santo nascimento

Esse costume calipolense perdeu-se.

 
Fonte de informação:

PESTANA,  Manuel Inácio (1983). Etnologia do Natal Alentejano. Portalegre: Ed. da Assembleia Distrital, pp. 44 a 47.

Ana Rita Candeias – 6º C         
2010/2011            

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